Por meio do aporte de R$ 100 milhões, a Dexco potencializou a sua área de inovação com a criação da DX Ventures, um fundo de corporate venture capital destinado a investimentos em startups e scale-ups. Desde o seu lançamento, em 2021, foram três aportes, sendo o mais recente em janeiro de 2022, na Brasil ao Cubo, construtech voltada à construção modular industrializada, no valor de R$ 74 milhões, o que pode levá-la a deter 13% de participação no seu quadro societário. Também integram o fundo a Urbem, empresa especializada na produção de madeira engenheirada, e a Noah Wood Building Design, que atua no desenvolvimento de negócios imobiliários sustentáveis, buscando reduzir a emissão de gás carbônico e o desperdício de material.
Esse movimento da Dexco, maior produtora de painéis de madeira industrializada, pisos, louças e metais sanitários do Hemisfério Sul e uma das maiores produtoras de revestimentos cerâmicos do Brasil, é voltado a acompanhar as macrotendências de transformação e inovação do setor de construção, reforma e decoração. Para detalhar essa estratégia de investimentos, o Diretor de Tecnologia, Inovação e Desenvolvimento dos Negócios, Daniel Franco, concedeu entrevista exclusiva para a @Itaúsa. Confira.
@Itaúsa – Qual a importância da DX Ventures para o futuro da Dexco?
Daniel – A importância é vital para o desenvolvimento estratégico de longo prazo. O racional do fundo é nos aproximar do ecossistema empreendedor para agregar tecnologia, know-how e aumentar nossa aderência às tendências mais disruptivas dos setores de reforma, decoração e construção civil. Para isso, queremos utilizar esse braço de investimentos. Sempre acreditamos que um dos caminhos para inovar é nos aproximar de startups e scale-ups, que têm uma capacidade de geração de conhecimento muito maior que a Dexco sozinha. A DX Ventures é a evolução dos nossos programas de inovação aberta, que começaram em 2017.
@Itaúsa – Como os investimentos em startups têm contribuído para alavancar a inovação na companhia?
Daniel – A Urbem, a Noah e a Brasil ao Cubo estão alinhadas a uma tendência muito importante de mudança do paradigma construtivo nacional, que hoje se baseia numa matriz de cimento e concreto. Esses materiais não são sustentáveis, pois têm baixa produtividade e suas cadeias produtivas geram muito gás carbônico e resíduo. A industrialização da construção civil é o caminho para ter um setor mais sustentável e produtivo, e a combinação da solução dessas três empresas gera isso.
A Brasil ao Cubo tem uma indústria de fazer prédio e transforma o canteiro de obra num campo de montagem. A fábrica da Urbem, que será lançada em outubro, será produtora de madeira engenheirada (produzida industrialmente com a técnica de colagem de tábuas de madeira), que é um material estrutural para edificações e um dos preferidos para construção modular. A Noah é incorporadora de projetos com essas características. Unindo a força das três startups, temos a madeira e o aço sendo utilizados de maneira harmônica, eliminando completamente o concreto.
@Itaúsa – Como elas geram benefícios a curto prazo para a Dexco?
Daniel – Com a sinergia dos ativos e materiais entre as três startups e a Dexco. Somos industriais, então investir em empresas que estão industrializando a construção civil faz parte do nosso DNA. Um exemplo da sinergia que estamos promovendo é com a Brasil ao Cubo, que hoje usa apenas aço no processo construtivo, e estamos aproximando da Urbem para a utilização da madeira engenheirada.
@Itaúsa – Podemos dizer que o próximo passo é avançar em startups voltadas para reforma e decoração?
Daniel – Exatamente. A próxima onda é melhorar a experiência do consumidor na jornada da reforma e da decoração. A aproximação com a construtech ABC da Construção (que recebeu investimento da Dexco em 2021) é importante nessa jornada pela sua logística de entrega de materiais de construção, que melhora o nível de serviço ao consumidor, e pela omnicanalidade, o novo varejo, que utiliza o espaço físico para ser uma plataforma de inspiração para os clientes, mas a compra ocorre on-line. E ainda precisamos evoluir em serviços. Estamos criando canais para nos aproximarmos do consumidor e o tema logística é um dos pontos que vamos trabalhar em conjunto com a ABC. Em breve, vamos ter novidades. O nosso mindset é estar próximo do consumidor, oferecendo a solução completa da reforma e da decoração.
@Itaúsa – A Dexco vem passando por reestruturações, como transformação digital, aquisições e investimentos. Como define esse momento atual da empresa?
Daniel – Vejo como um momento de grande união e alinhamento, porque o movimento de reposicionamento da marca trouxe uma identidade com a qual nos conectamos e deixou as marcas com a devida autonomia para explorar suas propostas de valor. Trouxemos um significado e um maior engajamento das pessoas no que é a real essência da empresa, que está sustentada pelo propósito “Soluções para melhor viver” e pela promessa de marca que faz todas as iniciativas se pautarem em “Viver ambientes”. Todas as iniciativas para transformar a empresa convergem para o posicionamento da marca.
@Itaúsa – O que os acionistas da Dexco podem esperar para este ano em relação à agenda estratégica do negócio?
Daniel – É um ano desafiador por ter eleições e pelas incertezas no contexto internacional. Mas tudo o que construímos até o final de 2021 tem demonstrado ser uma base muito sólida para que a Dexco continue com seu crescimento independentemente das adversidades. Mesmo em um ano em que vemos um maior pessimismo frente a demanda de nossos produtos e com risco inflacionário, estamos conseguindo sustentar bem nossas posições e nossos resultados. Isso nos dá muita confiança de que o caminho está correto. É a razão pela qual seguiremos com os projetos estratégicos de crescimento e os investimentos anunciados no ano passado. Poderia dizer que 2022 é o grande ano da execução, de tirar sinergias estratégicas desses investimentos que fizemos na DX e de foco nos projetos estratégicos já aprovados.
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