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Entrevista com Édison Carlos, presidente do Instituto Aegea

 

No final de março, a Aegea participou da Conferência da Água das Nações Unidas, em Nova Iorque, com o propósito de estabelecer ações conjuntas entre países, instituições e comunidades para alcançar os objetivos e as metas internacionais sobre o tema. A investida é uma das signatárias do Pacto Global da ONU no Brasil, que tem como principal movimento do segmento o +Água, em prol do avanço do Objetivo do Desenvolvimento Sustentável de número seis (ODS 6), ou seja, água potável e saneamento para todos.

Para trazer um pouco mais sobre o importante papel da Aegea nessa pauta, conversamos com Edison Carlos, presidente do Instituto Aegea.

Confira o podcast ou leia a entrevista na íntegra abaixo!

 

@Itaúsa - Recentemente a Aegea participou da Conferência da ONU em 2023 sobre a água, que aconteceu em Nova York. Conta para a gente, como a Aegea está comprometida com as agendas da ONU e de outras entidades mundiais e nacionais a respeito do tema.
EC - Foi muito bacana representar a Aegea e o Instituto Aegea nessa Conferência Mundial sobre Água. Uma Conferência que demorou 46 anos para acontecer. A última reunião promovida nas Nações Unidas, especificamente sobre o tema água, foi há quatro décadas. Enquanto outros temas como clima e direitos humanos tomaram uma força muito grande nas negociações internacionais promovidas pela ONU, a água estava em segundo plano. Havia uma reivindicação muito forte dos países para que esse tema subisse na prioridade das Nações Unidas, o que culminou com a Conferência, que aconteceu em março. A Conferência durou três dias, muito intensa, com centenas de eventos ocorrendo ao mesmo tempo e plenárias onde os países debatiam. Foi muito importante ter esse momento em que a gente pode, não só aprender o que está acontecendo em várias localidades, mas também apresentar propostas, projetos e programas que a própria Aegea está envolvida. Temos ações concretas, porque somos a maior empresa privada de saneamento. 

Atendemos 78 cidades e mais de 22 milhões de brasileiros com água e saneamento. A água está no co-bussiness da companhia. Entregamos água 24 horas por dia para milhares de pessoas e temos esse compromisso de estar muito atentos à situação da água das bacias hidrográficas de onde estamos. Estamos em 13 estados com situações hídricas muito diferentes. Temos desde Manaus, com uma quantidade de água que dá para abastecer o planeta inteiro, e temos áreas do semiárido, com bacias hidrográficas muito frágeis, por exemplo. Desse modo, temos que ter ações de previsibilidade sobre o nível de chuvas, ações de resiliência hídrica, de saneamento, de proteção de nascentes, para ter mais água e melhor água. Respiramos água, vivemos água e ela é uma constante dentro da companhia. Temos que estar antenados também nessas grandes discussões mundiais, como essa promovida pelas Nações Unidas em Nova York.

@Itaúsa - A água, de fato, move o mundo. O tema é cada vez mais importante para estarmos de olho. Inclusive na Conferência, a Aegea foi embaixadora do painel digital do Movimento + Água e vocês apresentaram o case Águas de Manaus. Conta para gente, um pouco sobre esse movimento e qual o grande exemplo advindo de Manaus.
EC-
Houve um dia todo no painel dedicado ao Brasil, promovido pela Rede Brasil do Pacto Global. Nós acreditamos que o case de Manaus é um caso muito simbólico, porque é uma capital que cresce muito. Antes de a Aegea atender Manaus, havia uma grande falta de água, muitos com falta de água, hora ou outra, ou por alguns dias da semana. Então, investimos pesado para levar água para todos. Hoje, 98% da população da cidade de Manaus tem acesso à água, 24 horas por dia, e agora estamos levando esgotamento sanitário para as áreas mais vulneráveis. 

Além de universalizar a água nessas áreas muito pobres, estamos tirando o esgoto das casas e tratando o esgoto, para melhorar a qualidade de vida das pessoas. O saneamento básico promove uma transformação incrível nas vidas das famílias. Quando levamos esses serviços de água potável, coleta e tratamento de esgoto, a gente liberta a família de uma série de problemas e custos de remédios e de internação. Não temos apenas a preocupação de atender as metas do contrato e levar água e esgoto para quem não tem, mas também em levar dignidade para que aquelas pessoas, para que elas tenham endereço, para demandar um currículo, um empréstimo no banco, por exemplo. Esses são serviços que olham não só a água e o esgoto, mas a dignidade da pessoa. E a Aegea preza muito por isto.

@Itaúsa - O que você considera dentro desse case de Manaus que foi principal desafio para a Aegea?
EC -
Foram muito desafios. Quando estamos numa cidade daquele tamanho, com mais de 2 milhões de pessoas e que cresce, justamente nas franjas da cidade, ela cresce para as periferias, isto é, nas florestas, nos igarapés, onde a cidade cresce para cima dos rios e para dentro das florestas, é um desafio muito grande até tecnicamente. Temos que ter sistemas aéreos independentes, mesmo que o rio suba ou desça, a rede está ali, funcionando, e é uma cidade onde há uma quantidade enorme de famílias abaixo da linha da pobreza. Como eu disse, nossa preocupação maior nem é a parte financeira, mas essa pessoa não quer ficar sem pagar. É uma questão de honra para ela, elas gostam de estar como tudo regularizado. Muitas vezes, a pessoa mora naquele lugar, mas ela não se sente cidadã, porque ela está excluída da sociedade, da cidade, porque, primeiro, ela mora longe, há dificuldades nas regiões de acesso e transporte, infraestrutura de escola, de saúde e, quando a empresa prestadora de serviços, como a Aegea, se preocupa com ela, a conversa com os líderes comunitários é um momento revolucionário. Eu trabalho há 11 anos, viajei de ponta a ponta em todo o país, conheço nossas realidades e eu posso dizer, com toda a certeza, que a Aegea é diferenciada nesse aspecto. Temos a licença social para operar e gerar desenvolvimento. Somos diferenciados tanto do ponto de vista técnico como do ponto de vista social. 

@Itaúsa - Como você bem disse, a água é uma das questões mais importantes quando o assunto é um mundo mais sustentável. Como empresa de saneamento, essa temática é de vital importância. Quais são as metas que a Aegea tem para os próximos anos para impactar positivamente as comunidades e contribuir para a sustentabilidade como um todo?
EC -
No nosso caso, como somos uma empresa de saneamento básico e temos um propósito em si, eu costumo brincar internamente que, a cada casa que chegamos com água ou com esgotamento sanitário, a gente transforma aquela família, temos uma melhoria na vida daquelas pessoas. Quando não se joga o lixo nas águas ou nas praias, se promove uma melhoria ambiental enorme e isso é fundamental para se garantir a qualidade da água, qualidade daquele espaço turístico. O saneamento básico em si é ESG por nascimento. Além disso, temos os compromissos próprios de melhoria. Acabamos de criar uma área de engenharia de baixo carbono. Todos os nossos investimentos passam por uma avaliação de pegada de clima, para mantermos nossa pegada de carbono cada vez menor.

Acabamos de lançar um Sustainability-Linked Bond atrelados a três compromissos públicos. O primeiro é reduzir 15% do nosso consumo de energia elétrica por metro cúbico de água ou esgoto. O segundo é ampliar em 45% as mulheres nos cargos de liderança e o terceiro é ampliar em 27% o número de pessoas negras na alta liderança da companhia até 2030. Esses três compromissos são públicos e não vamos parar somente nesses. Os nossos objetivos de mudança tecnológica, por exemplo, também estão acontecendo. Nossas delegações estão viajando o mundo inteiro, porque tem muita coisa boa acontecendo e precisamos estar antenados para trazer ao Brasil e para o brasileiro todas essas possibilidades. Ficamos, durante muito tempo, sendo a melhor empresa de ESG do Brasil, então, é muito bacana você ver o reconhecimento que a Aegea vem tendo do mercado para tudo que estamos fazendo, pois não se tem um plano B para o planeta. O planeta é só esse e temos que cuidar da nossa natureza.

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